terça-feira, junho 23, 2009

Porque demoram as mulheres tanto tempo na casa de banho???

O grande segredo de todas as mulheres a respeito da casa de banho é que, quando eram pequeninas, as suas mamãs levavam-nas à casa de banho, ensinavam-lhes a limpar o tampo da sanita com papel higiénico e depois punham tiras de papel cuidadosamente no perímetro da sanita.
Finalmente instruíam-nas: "nunca, nunca te sentes numa casa de banho pública!"E depois ensinavam-lhes a "posição", que consiste em balançar sobre a sanita numa posição de sentar sem que o corpo tenha contacto com o tampo.
"A Posição" é uma das primeiras lições de vida de uma menina, importante e necessária, que a acompanha para o resto da vida. Mas ainda hoje, nos anos de maioridade, "a posição" é dolorosamente difícil de manter, sobretudo quando a bexiga está quase a rebentar.
Quando *TEM* de ir a uma casa de banho pública, encontra uma fila enorme de mulheres que até parece que o Brad Pitt está lá dentro. Por isso, resignam-se a esperar, sorrindo amavelmente para as outras mulheres que também cruzam as pernas e os braços, discretamente, na posição oficial de “tou aqui tou-me a mijar!”.
Finalmente é a sua vez! E chega a típica "mãe com a menina que não aguenta mais” (a minha filhota já não aguenta mais, desculpe, vou passar à frente, que pena!). Então verifica-se por baixo de cada cubículo para ver se não há pernas. Estão todos ocupados.
Finalmente, abre-se um e lança-se lá para dentro, quase derrubando a pessoa que ainda está a sair.
Entra e vê que a fechadura está estragada (está sempre!); não importa…Pendura a mala no gancho que há na porta… QUAAAAAL? Nunca há gancho!!Inspecciona a zona, o chão está cheio de líquidos indefinidos e fétidos, e não se atreve a pousá-la lá, por isso pendura a mala no pescoço enquanto vê como balança debaixo dela, sem contar que a alça lhe desarticula o pescoço, porque a mala está cheia de coisinhas que foi metendo lá para dentro, durante 5 meses seguidos, e a maioria das quais não usa, mas que tem para o caso de…
Mas, voltando à porta… como não tinha fechadura, a única opção é segurá-la com uma mão, enquanto com a outra baixa as calças num instante e põe-se “na posição”…
AAAAHHHHHH… finalmente, que alívio… mas é aí que as suas coxas começam a tremer… porque nisto tudo já está suspensa no ar há dois minutos, com as pernas flexionadas, as cuecas a cortarem-lhe a circulação das coxas, um braço estendido a fazer força na porta e uma mala de 5 quilos a cortar-lhe o pescoço!
Gostaria de se sentar, mas não teve tempo para limpar a sanita nem atapetou com papel; interiormente acha que não iria acontecer nada, mas a voz da sua mãe faz eco na sua cabeça *“nunca te sentes numa sanita pública”*, e então fica na “posição de aguiazinha”, com as pernas a tremer… e por uma falha no cálculo de distâncias, um finííííssimo fio do jacto salpica-a e molha-a até às meias!!
Com sorte não molha os sapatos… é que adoptar “a posição” requer uma grande concentração e perícia.
Para distanciar a sua mente dessa desgraça, procura o rolo de papel higiénico,.... maaaaaaaaaaas não hááááá!!! O suporte está vazio!
Então reza aos céus para que, entre os 5 quilos de bugigangas que tem na mala, pendurada ao pescoço, haja um miserável lenço de papel… mas para procurar na sua mala tem de soltar a porta… ???? Duvida um momento, mas não tem outro remédio. E quando solta a porta, alguém a empurra, dá-lhe uma trolitada na cabeça que a deixa meio desorientada mas rapidamente tem de travá-la com um movimento rápido e brusco enquanto grita OCUPAAAAAADOOOOOOOOO!!
E assim toda a gente que está à espera ouve a sua mensagem e já pode soltar a porta sem medo, ninguém vai tentar abri-la de novo (nisso as mulheres têm muito respeito umas pelas outras).
Encontra o lenço de papel!! Está todo enrugado, tipo um rolinho, mas não importa, faz tudo para esticá-lo; finalmente consegue e limpa-se. Mas o lenço está tão velho e usado que já não absorve e molha a mão toda; ou seja, valeu-lhe de muito o esforço de desenrugar o maldito lenço só com uma mão.
Ouve algures a voz de outra velha nas mesmas circunstâncias que ela “alguém tem um pedacinho de papel a mais?” Parva! Idiota!
Sem contar com o galo da marrada da porta, o linchamento da alça da mala, o suor que lhe corre pela testa, a mão a escorrer, a lembrança da mãe que estaria envergonhadíssima se a visse assim… porque ela nunca tocou numa sanita pública, porque, francamente, tu não sabes que doenças podes apanhar ali, que até podes ficar grávida (lembram-se??)…. Está exausta! Quando pára já não sente as pernas, arranja-se rapidíssimo e puxa o autoclismo a fazer malabarismos com um pé, muito importante!
Depois lá vai pró lavatório. Está tudo cheio de agua (ou xixi? lembram-se do lenço de papel…), então não podem soltar a mala nem durante um segundo, penduram-la no seu ombro; não sabesm como é que funciona a torneira com os sensores automáticos, então tocam até lhe sair um jactozito de água fresca, e consegue sabão, lavam-se numa posição do corcunda de Notre Dame para a mala não resvalar e ficar debaixo da água.
Nem sequer usam o secador, é uma porcaria inútil, pelo que no fim seca as mãos nas suas calças – porque não vão gastar um lenço de papel para isso – e saiem…
Nesse momento vêm o namorado, ou marido, que entrou e saiu da casa de banho dos homens e ainda teve tempo para ler um livro de Jorge Luís Borges enquanto te esperava.
“Mas por que é que demoraste tanto?” - pergunta.
“Havia uma fila enorme” - limitam-se a dizer.
E é esta a razão pela qual as mulheres vão em grupo à casa de banho, por solidariedade: uma segura na mala e no casaco, a outra na porta e a outra passa o lenço de papel debaixo da porta, e assim é muito mais fácil e rápido, pois só têm de se concentrar em manter “a posição” e *a dignidade*.

1 comentário:

Vera disse...

LOLOLOLOL! Sem duvida a melhor explicação que já ouvi sobre as romarias ao WC :P